A nova produção é um remake do
clássico homônimo de 1922, marco do expressionismo alemão do cineasta F.W.
Murnau, baseado no livro Drácula (1897), de Bram Stoker – e também já
reverenciado anteriormente em 1979 pelo cultuado diretor Werner Herzog, com Nosferatu
– O Vampiro da Noite. Como não tinha os direitos da obra do escritor irlandês,
Murnau fez algumas alterações na história, como nomear o personagem central como
Conde Orlok, distanciando-o também da figura sedutora criada por Stoker e apresentando
o conhecido vampiro como uma criatura repugnante e assustadora, que ficou marcada pela interpretação do ator Max Schreck.
Quem defende o protagonista agora
é Bill Skarsgård (o palhaço de It – A Coisa). Logo no início deste atual
Nosferatu, é revelada sua conexão com a jovem Ellen (Lily-Rose Depp, da
massacrada série The Idol, e filha do astro Johnny Depp e da cantora e atriz
Vanessa Paradis). Algum tempo se passa e chega-se ao ano de 1838, na Alemanha,
quando a moça está casada com Thomas Hutter (Nicholas Hoult, revelado em Um
Grande Garoto e futuro Lex Luthor na nova versão do Superman, a ser lançada em
julho deste ano).
Recém-casado, ele busca subir
na firma de venda de propriedades em que trabalha, para ganhar mais dinheiro. Por
isso, aceita a diretriz de seu patrão de ir até a um local ermo de um país do
leste europeu para vender imóveis a um homem misterioso. Thomas parte para a
missão sem saber que tudo já estava armado por Orlok, que irá buscar retomar
sua ligação com Ellen.
Enquanto o Nosferatu
aterroriza o vendedor, a jovem começa a passar por estranhos períodos de
possessão que preocupam o casal Friedrich (Aaron Taylor-Johnson, de Kick-Ass –
Quebrando Tudo) e Anna Harding (Emma Corrin, de Deadpool & Wolverine),
amigos que a hospedam durante a viagem do marido. Para lidar com Ellen, é
chamado o professor Albin Eberhart von Franz (Willem Dafoe, repetindo a
parceria com Eggers de O Farol e O Homem do Norte), equivalente ao professor Van
Helsing do Drácula original. Cientista, ele lida também com as forças ocultas e
antecipa o mal que está por dominar a pequena cidade alemã quando o vampiro chegar
para encontrar a mulher de seus desejos. Além das referências ao clássico filme
alemão, Eggers também traz elementos do Drácula de Bram Stoker (1992), de
Francis Ford Coppola, uma das mais festejadas adaptações do personagem.
O que mais impressiona neste
novo Nosferatu é a parte técnica, do refinamento da cenografia e direção de
arte dos ambientes ao trabalho de excelência na fotografia, a cargo,
respectivamente, de Craig Lathrop e Jarin Blaschke, parceiros nos outros longas
do diretor norte-americano. No lado do elenco, quem se sobressai é Skarsgård,
irreconhecível como o ser repugnante, envolto em uma pesada maquiagem com
diversas próteses, mas com um sensacional trabalho de voz, de grande impacto
para os espectadores. Já Hoult mostra mais uma vez evolução com o sofrido Thomas.
Lily-Rose não compromete e até se sai bem no difícil trabalho físico que Ellen
exige, mas uma atriz com um pouco mais de bagagem poderia dar um destaque ainda
maior à personagem. Vale lembrar de mais uma ótima atuação de Dafoe, sempre
esperada e que mais uma vez não decepciona.
Também autor do roteiro, ao
lado de Henrik Galeen, Eggers destaca temas como solidão, opressão da mulher,
desejos e impulsos sexuais e, claro, o mal. Há bons momentos de puro horror, mas
sem sustos gratuitos, e apesar de uma pequena perda de ritmo no terço final, o
filme marca mais um crescimento na carreira do cineasta. Cotação: Ótimo.
Trailer de Nosferatu:
Crédito da foto: Universal
Pictures Brasil