Como confirma o título
nacional da obra, o roteiro apresenta uma história de vingança. No centro da trama
está Charlie Heller (Malek), um analista de sistemas que trabalha na CIA como
decodificador de arquivos e documentos. Seu mundo desaba quando a esposa Sarah (Raquel
Brosnahan, a Lois Lane do novo Superman, que estreia em julho próximo) é
assassinada em uma ação terrorista em Londres, para onde foi acompanhar um
evento de trabalho.
O pacato profissional descobre
rapidamente a identidade dos integrantes do grupo responsável pela morte da
esposa, denunciando-os aos seus superiores na CIA, mas esses demonstram não
estar muito interessados em achá-los. Decidido a agir e de posse de informações
comprometedoras que podem incriminar seu chefe imediato, o diretor Moore (Holt
McCallany, praticamente repetindo seu papel em Jack Reacher – Sem Retorno), ele
decide barganhar um treinamento de campo para se tornar um agente e ser capaz
de confrontar e matar os terroristas identificados. Após um período de
aprendizado de pouco sucesso com o militar Henderson (Laurence Fishburne, de
Matrix), Heller decide enfrentar os vilões tendo sua inteligência e o
raciocínio rápido como suas maiores armas.
As franquias Bourne e Missão:
Impossível, além dos recentes 007, são os atuais parâmetros para os filmes de
espionagem em Hollywood. E o Heller de Malek é quase a antítese dos heróis
vividos por Matt Damon, Tom Cruise e Daniel Craig nessas citadas produções de
ação. Na realidade, ação é o que mais falta em Operação Vingança, já que seu
franzino protagonista não tem como encarar de frente os antagonistas em cenas
grandiosas. Nesse contexto, a única cena mais interessante acontece em uma
piscina que liga dois prédios de um hotel, uma sequência bem apresentada,
apesar de curta.
Resta então o clima de
suspense do jogo de gato e rato entre Heller e a CIA, com o analista sempre um
passo à frente, pois é inteligentíssimo e detém um QI de 170. Mas é necessário
fazer concessões para se aceitar as soluções rápidas demais conseguidas pelo
protagonista. Dessa forma, o que poderia ser um diferencial, a perspicácia de Heller
acaba tornando Operação Vingança quase monótono.
Malek é predominante na
produção e se mostra bem à vontade no papel, que tem proximidade com o personagem
que o projetou, o hacker da série Mr. Robot. Mas é pouco, principalmente quando
os demais bons atores do elenco não são bem aproveitados, quase nada
desenvolvidos – notadamente Fishburne e Caitríona Balfe (de Ford vs Ferrari e
Belfast), além de duas aparições relâmpagos de Jon Bernthal (em breve novamente
em cartaz em O Contador 2) que não acrescentam em nada à história.
Rami vai precisar garimpar
mais para achar um novo projeto vencedor e se destacar outra vez, mostrando que
o filme do Queen não foi apenas um raro sobressalto em sua trajetória. Cotação:
Regular.
Trailer de Operação Vingança:
Crédito da foto: Divulgação
20th Century Studios Brasil